quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nihígaal béé Íina



Um grupo de jovens Diné (Navajos) iniciou, na terça-feira passada (dia 6 de Janeiro), uma caminhada de 200 milhas (cerca de 322 km) que partiu de Dził Na’oodiłii (Huerfano Mountain) e irá até Tsoodzil (Mount Taylor), no leste do Novo México (EUA). Tsoodzil trata-se da montanha sagrada que delimita a sul o território Diné.
A caminhada agora em curso pretende alertar para a crise ambiental actual que coloca em causa o futuro da Mãe-Terra e dos seres que nela habitam (incluindo os humanos), a consciencialização para os problemas existentes e soluções para a sua resolução. Nesse contexto, os organizadores exigem, de forma tão simples quanto pragmática, ar e água limpos, tal como um estilo de vida viável para o povo Diné.
A iniciativa também pretende recordar a trágica The Long Walk (Longa Marcha) que decorreu há 150 anos e na qual o povo Diné foi obrigado a percorrer a pé centenas de quilómetros, durante o Inverno e longe do seu território, num cativeiro que durou quatro anos. Mais de nove mil Diné e 500 Apaches Mescalero foram conduzidos, em 1864, pelo coronel Christopher “Kit” Carson para uma terra árida conhecida como “Bosque Redondo” (no Novo México), tendo muitos falecido pelo caminho. Durante a estadia forçada no Hwééldi (lugar do sofrimento) centenas morreram devido à fome, doença e violência… Durante esse período de grande sofrimento, esses antepassados Diné pensaram na sua pátria e nas suas quatro montanhas sagradas, rezando para que as gerações futuras seguissem praticando o modo de vida do seu povo. Segundo Dana Eldridge, uma organizadora da caminhada: «Eles sacrificaram e sofreram muito para que nós pudéssemos viver dentro destas quatro montanhas sagradas. Então, nós estamos caminhando para honrá-los». É portanto em memória desses ancestrais e por um profundo amor à Terra que um conjunto de jovens está agora a palmilhar, pé-ante-pé, o território que tanto amam: «É tempo para curar o trauma da colonização sob a qual temos vivido durante muito tempo».
Esta caminhada, na verdade, consiste na primeira fase do projecto Nihígaal béé Íina que se irá processar em quatro fases durante o ano de 2015. Seguir-se-ão mais três caminhadas a decorrer na Primavera, no Verão e no Outono, respectivamente. Na totalidade das quatro caminhadas serão percorridas mais de mil milhas (mais de 1600 km).
Segundo os organizadores, o projecto não se trata simplesmente de uma “reedição” da The Long Walk mas, sobretudo, a tentativa de retorno a um estilo de vida tradicional. Para Nick Ashley, andar «é algo que as pessoas não fazem mais»; as deslocações são efectuadas através de veículos motorizados e, por isso, «andar uma jornada a pé é algo de certa maneira revolucionário».
Todo o apoio será benvindo, desde orações a donativos...


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