segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Fertilidade (II)


Hoje será certamente uma noite auspiciosa para empreender uma caminhada inolvidável, idealmente num ambiente o mais natural possível, longe do bulício citadino. Hoje, por maioria de razões, é tempo de celebrar a fertilidade sob a intensa «luminosidade selenita do plenilúnio». 
A super lua que irá surgir no céu nocturno será um acontecimento que não deixará indiferentes aqueles que tenham a oportunidade de presenciar a sua dimensão e brilho incomuns. O último plenilúnio (de 16 de Outubro) também foi uma super lua mas a raridade do fenómeno de hoje cinge-se ao facto de esta se encontrar excepcionalmente muito perto da Terra.  Fenómeno que só ocorreu de forma tão proximal em 1948 e que só se irá repetir, em condições similares, na noite de 25 de Novembro de 2034!

A Lua é cultuada desde os tempos paleolíticos e o fascínio encantatório do plenilúnio estende-se até à actualidade. O ciclo lunar mede o tempo, rege o ciclo menstrual da mulher, comanda as marés e os humores dos humanos… Por isso existem lunáticos e aluados. 

A lua surge como um avatar da Magna Mater criadora, a Grande Mãe, deusa da fertilidade, a senhora ibérica da Conceição/Concepción: «a que concebe, a que engendra, a que dá à luz» (Espírito Santo, 2004: 102). As imagens populares da Senhora da Conceição – a que concebe – para além de terem um menino ao colo, identificam-se pela presença de um crescente lunar e de uma serpente. O crescente lunar, por vezes enorme (evocando os “cornos” de um bovino), e a serpente a seus pés são também símbolos de fertilidade. Ambas – a Lua e a Serpente – morrem e renascem simbolizando o eterno ciclo/circulo da vida (e da morte).



Pedro Cuiça © Algures na Terra (14/11/2016)

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