ESTRANHOS SÃO OS "INDEVIDOS"
Pedestris - Andar Encantado
anDANÇAs & enCANTAmentos
sexta-feira, 12 de abril de 2024
"Indevidos"
quinta-feira, 28 de março de 2024
The Wanderer...
"Wanderer above the Sea of Fog (German: Der Wanderer über dem Nebelmeer)", c.1818 by Caspar David Friedrich
sábado, 3 de fevereiro de 2024
Caminhar na Natureza
A formação contínua de treinadores em desportos de montanha revela-se de fundamental importância como
garante de eficiência e eficácia no desempenho das suas funções, designadamente
no âmbito das soft skills. E, nesse contexto, a conexão à natureza e o
bem-estar surgem como componentes de importância e interesse crescentes no
contexto da gestão de grupos em actividades de montanha. É com base nestes
pressupostos que o Centro de Formação da Federação de Campismo e Montanhismo de
Portugal/Escola Nacional de Montanhismo (CF-FCMP/ENM) vai realizar, no dia 27
de Fevereiro, com início às 20:00, a próxima edição das Palestras da Montanha,
sobre a temática: Caminhada, Conexão à Natureza e Bem-estar.
Nessa palestra será destacada a importância da conexão à natureza e
do bem-estar na gestão de grupos em actividades de montanha, mormente no âmbito
do pedestrianismo, mas também da marcha off-road em montanhismo. A
abordagem que será desenvolvida começara por apresentar um conjunto de
conceitos e de práticas, designadamente friluftsliv, experiências flow, peak experiences e plateau
experiences, deep experiences, relational total-field e rewilding.
E, numa segunda fase, será dada uma particular atenção à sua aplicabilidade no terreno, durante a realização de actividades de montanha, por parte de detentores de Título Profissional de Treinador de Desporto (TPTD) em pedestrianismo e/ou em montanhismo, com base na utilidade da pirâmide de
necessidades de Maslow como ferramenta de gestão de atividades de ar livre. Por
outro lado, será aprofundado o conceito de bem-estar subjetivo na sua
componente eudaimonica, tendo em conta as dificuldades, contratempos e
problemas inerentes à prática de actividades de ar livre, em geral, e de
actividades de montanha, em particular.
Para mais informações e/ou para efectuar a respectiva inscrição, nesta
ação de formação, consulte o site da FCMP. A participação é gratuita.
sábado, 20 de janeiro de 2024
Tua Walking Festival 2024
O Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT) vai realizar a segunda edição do Tua Walking Festival, com arranque nos dias 23 e 24 de Março, em Mirandela. Um evento que, ao longo do ano de 2024, irá decorrer nos cinco municípios que integram o Vale do Tua. A edição deste ano terá o seu começo no dia 23 de Março, em Mirandela, com a realização de um Seminário que irá abordar a importância do turismo de natureza e dos percursos pedestres homologados no desenvolvimento dos territórios. Será certamente uma jornada de partilha de conhecimentos e de experiências, de reflexão e de discussão, sobre os melhores caminhos a adoptar com vista à edificação de um futuro sustentável com base no pedestrianismo e nos percursos pedestres. Neste contexto, irei participar, na qualidade de Coordenador Pedagógico do Centro de Formação da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), no segundo painel do Seminário, sobre Pedestrianismo e Segurança, com uma comunicação intitulada “Gestão de Grupos em Actividades de Pedestrianismo: formação, treino e segurança”. Em breve serão disponibilizadas mais informações, tal como a abertura das inscrições, no site do evento.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
NATUREZA VIVA
A Borealis On Trekking, a
Associação Portuguesa de Saúde Ambiental e a Hapiness Business School vão
realizar, no próximo dia 31 de Janeiro, das 10:00 às 12:00, um conjunto de
palestras sob o tema "Natureza Viva: Trilhos para o Bem-Estar
e Saúde". Segundo os organizadores, será «uma ocasião única para ouvir
descobertas incríveis sobre como caminhar na natureza pode ser
extraordinariamente benéfico para a sua saúde».
Os palestrantes que vão partilhar as suas ideias
sobre como a natureza afecta o nosso bem-estar são:
· Pedro Cuiça – Director Técnico
da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal e «escritor apaixonado» por pedestrianismo e percursos pedestres, vai partilhar as suas experiências
sobre o impacto transformador das caminhadas na natureza;
· Joana Barros – médica de medicina
geral e familiar, oferecerá perspectivas valiosas sobre o impacto da natureza
na saúde física e mental;
· Karine Silva – bióloga e
psicóloga, discutirá as suas investigações sobre como os ambientes naturais
potenciam a saúde;
· Diogo Sousa Gomes – especialista
em Saúde Ambiental;
· Hugo Palma – aventureiro
organizador de expedições pela natureza e engenheiro aeronáutico.
A participação é gratuita, mas as vagas são
limitadas, sendo necessário efectuar a inscrição através do e-mail pedro@boreal.com, colocando apenas no
assunto:
"Natureza Viva".
Juntem-se a nós e venha descobrir como a natureza
proporciona um significativo incremento da nossa saúde e bem-estar.
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Continuamos o andamento
Ilha de S. Jorge © Anabela Trindade (1999) |
Pedestris –
Andanças & Encantamentos surgiu no dia
15 de Novembro de 2013, faz hoje exactamente uma década. Com ritmos de
publicação variáveis, umas vezes mais rápidos, outras tantas mais lentos, e até
com paragens para retomar o folego, a vivência deste blogue sobre o “andar a pé”
desenvolveu-se, naturalmente, como as passadas num percurso pedestre concreto…
no terreno. O caminho foi marcado pela publicação de 802 posts; apenas um número, mas já é qualquer coisa... Estas andanças virtuais, com altos e baixos, onde se evidencia a chegada
da Covid-19 e a sua influência nos anos subsequentes, retomou uma boa cadência
de marcha, neste ano de 2023, e fazemos votos de aguentar o passo por mais uma
dezena de anos. Assim haja saúde e motivação…
No ano de 2013
anunciámos o alvor de um novo "ciclo pedestre", que não só se intuía
como se tornava evidente: o surgimento de «novos caminhos, certamente mais
desafiantes e estimulantes», que constituíram, podemos hoje confirmar inequivocamente,
«uma renovada motivação para escrever e partilhar vivências». Na sequência da
apresentação, em jeito de fim de ciclo, da palestra Ecosofia PC – Um
ensaio de an-danças mais além, em Outubro de 2013, na Cooperativa Terra
Chã, situada nas faldas da Serra de Candeeiros (a ancestral Serra da Lua), e
dos eventos que se lhe seguiram, tornou-se inadiável dar o passo de lançar o
blogue Pedestris – anDANÇAs e enCANTAmentos. O título
deste blogue surgiu numa das corridas matinais que efectuei todos os dias,
durante as férias do Verão de 2013, no areal que se estende da Praia de Faro
até à Barrinha. Como nesse Verão, continuamos a pensar que: «Correr, tal como
andar, surge como uma "meditação activa" que, quando enquadrada por
vastos horizontes, resulta invariavelmente em profícuas ideias». Andar é, sem
dúvida, inspirador…
Na primeira publicação do Pedestris – Andanças & Encantamentos, referimos a coincidência (há quem diga que não há coincidências) de «estar uma Lua Cheia fantástica». Hoje está uma quasi Lua Nova, já com uma nesga de crescendo, e é nesta conjuntura que revelamos a intuição de um novo ciclo a desenhar-se. Novas ou renovadas formas de pensar e de andar. Haja vontade de andar, disponibilidade para se encantar e caminho para palmilhar.
terça-feira, 17 de outubro de 2023
Da raridade das florestas
É impressionante quando se viaja de avião e/ou noutros meios de
transporte e se visualizam vastas extensões desprovidas de árvores… Por vezes,
mesmo, terras escalvadas, destituídas da mais elementar vegetação ou apenas pontilhadas,
aqui e acolá, por diminutas e esparsas ilhotas de coberto vegetal. Em vastas
regiões planas esse sentimento da paisagem, desflorestada, é
perfeitamente perceptível para quem viaja de carro ou de comboio. Já nas regiões
montanhosas essa impressão revela-se, por vezes, melhor quando se visualiza o
território a partir de cima, de uma altitude considerável. Essas experiências
da raridade ou rarefação do coberto vegetal, mais especificamente de áreas
florestadas, dá-nos uma noção muito precisa da necessidade imperiosa não só de
proteger como também, e sobretudo, de valorizar esses ecossistemas.
Senti essa espantosa impressão ao sobrevoar grande parte do território do Canadá, no ano passado, tal como, curiosamente, nas áreas florestadas das Montanhas Rochosas, onde tive oportunidade de andar a pé e de presenciar algumas das vulnerabilidades e desafios desses ecossistemas vegetais, profundamente impactados pelas alterações climáticas, entre outras problemáticas. E voltei a sentir algo de muito semelhante, este ano, ao deslocar-me de avião e de comboio numa grande extensão da Polónia. A diferença é que uma das florestas onde tive o grato privilégio de caminhar me surpreendeu enormemente pela positiva. Ainda existem, felizmente, florestas que merecem esse epíteto...
PC
© Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
PC © Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
PC © Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
PC © Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
PC © Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
PC © Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
PC © Bazantarnia (Polónia, Out.2023) |
terça-feira, 12 de setembro de 2023
Saudação
«O chão onde me sento com a Avó Sitka está coberto por uma camada profunda de caruma, amaciado por anos de húmus; as árvores são tão velhas que a minha vida comparada com a sua tem uma mera duração do canto de uma ave. Desconfio que Nanabozho caminhou como eu caminho, com assombro, de olhos erguidos para as árvores com tanta frequência que tropeço.
O Criador confiou a Nanabozho algumas tarefas no seu papel de Homem Original, as suas Instruções Originais. O ancião anishinaabe Eddie Benton-Banai narra de uma forma encantadora a história da primeira missão de Nanabozho: caminhar pelo mundo a que a Mulher do Céu tinha dado vida com a sua dança. As suas instruções ordenavam-lhe que caminhasse de tal forma «que cada passo fosse uma saudação à Mãe-Terra», mas ele ainda não tinha bem a certeza do que isso significasse. Felizmente, embora as suas pegadas fossem as do Primeiro Homem sobre a Terra, havia muitos caminhos a seguir, traçados por todos aqueles que já aqui viviam.
Poderíamos dizer que o tempo em que as Instruções Originais foram transmitidas que foi «há muito tempo» pois, na forma popular de pensar, a história traça uma «cronologia», como se o tempo marchasse em sintonia numa só direção. Há quem diga que o tempo é um rio no qual só podemos entrar uma vez, no seu curso direto para o mar. Mas o povo de Nanabozho sabe que o tempo é um círculo. O tempo não é um rio que corre inexoravelmente em direção ao mar, mas sim o próprio mar, as suas marés que fluem e refluem, o nevoeiro que se eleva para se transformar em chuva num rio diferente. Todas as coisas que existiram voltarão.
À maneira do tempo linear, as histórias de Nanabozho poderão ser entendidas como uma lenda mítica da história, um relato do passado longínquo e de como as coisas nasceram. Mas no tempo circular, estas histórias são simultaneamente história e profecia, histórias para um tempo ainda por vir. Se o tempo é um círculo de viragem, há um lugar onde a história e a profecia convergem – as pegadas do Primeiro Homem encontram-se no caminho atrás de nós e no caminho à nossa frente.
[KIMMERER, 2023: 210-211]
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
KIMMERER, Robin Wall. 2023. A Sabedoria da Terra – Como a natureza, a ciência e o conhecimento ancestral nos ensinam a tratar a terra com respeito. Barcarena: Marcador.
terça-feira, 5 de setembro de 2023
Mais um passo
E com o percurso pedestre do domingo passado (3
de Setembro), encerrámos os trabalhos de campo da dissertação de mestrado sobre
conexão à natureza e bem-estar em caminhadas. Obrigado, mais uma vez, a todos
os participantes. A vossa colaboração foi imprescindível. Valeu.
PC © Monsanto (3 de Setembro de 2023) |
segunda-feira, 28 de agosto de 2023
Caminhadas em Monsanto
Os trabalhos de campo – caminhadas – no Parque
Florestal de Monsanto, no âmbito da dissertação de mestrado sobre “Percepções
de conexão à natureza e de bem-estar em caminhadas pedestres – estudo
exploratório no âmbito da Ecologia Humana”, já estão em curso; decorreram no
passado fim-de-semana e ir-se-ão estender ao próximo. A revolução
(de "revolare": voltar a voar) começa na percepção: olhar com
olhos de ver e ouvir com ouvidos de escutar?...
PC © Monsanto (27/08/2023) |
«Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.»
Alberto Caeiro (20/04/1919)
sábado, 19 de agosto de 2023
CONFUSÕES (III)
E porque, como é costume ouvir-se dizer, «não há duas sem três»! Depois de abordarmos a situação da (sobre)vivência do outdoor nas mais altas montanhas (Confusões I) e ao nível do mar (Confusões II), entretanto, na Madeira "a coisa" vai assim (Confusões III): acesso ao Pico Ruivo na passada quarta-feira (16 de Agosto). Até parece as largas filas do Everest, só falta a neve.
© Marie Louise de Freitas |
sexta-feira, 18 de agosto de 2023
VEM CAMINHAR
PC © Monsanto (18/08/2023) |
Estou a ultimar as caminhadas da segunda fase da dissertação de mestrado sobre “Percepções de conexão à natureza e de bem-estar em caminhadas pedestres – estudo exploratório no âmbito da Ecologia Humana". Se participaste na primeira fase, no preenchimento do questionário online, e pretendes fazer uma das caminhadas que iremos realizar no Parque Florestal de Monsanto (Lisboa), nos fins-de-semana de 26-27 de Agosto e 2-3 de Setembro, envia um e-mail para o endereço pedestris@gmail.com a manifestar essa intenção. VEM CAMINHAR EM MONSANTO, serás muito bem-vindo. GRATO PELO APOIO.
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
PC © Monsanto (18/08/2023) |
domingo, 13 de agosto de 2023
CONFUSÕES (II)
Pedro Cuiça © Gruta
de Benagil – Algarve (Agosto de 2023) |
CONFUSÕES DE AR LIVRE, PROBLEMAS DE AR
CONDICIONADO (II)
Mais uma tarde de(ste) Verão, como outras tantas, no Algarve. [Pelo que parece, a tolice da denominação 'Allgarve' já foi ultrapassada.] Meia dúzia de embarcações de dimensões consideráveis, com turistas a bordo, confluem na mesma área e 'spot'. Na "minha" embarcação (salvo seja) vamos 43 "ociosos", mais a tripulação. Caiaques com um ou, normalmente, dois "mamíferos" são largas dezenas, tal como pranchas de paddle, no mar, a perder de vista, para leste e oeste, até à curva das arribas limítrofes. Na gruta de Benagil, em terra, a componente humana também está "em peso", sob a forma de algumas dezenas de pessoas, respectivos caiaques e pranchas de vários "operadores turísticos", numerosas mariolas (amontoados de pedras) e sinalética a advertir para o perigo de derrocadas! É sempre bom avisar não vá o diabo tecê-las, ademais quando a força da gravidade está omnipresente e não tira umas "merecidas férias de Verão"! Ninguém está de capacete e, de facto, talvez nem seja necessário caso ocorra não uma simples queda de pedra(s) mas uma derrocada, "à séria", de uma porção da parede ou do tecto da cavidade. É tudo uma questão probabilística ou de tempo, como queiram, e quando alguma "desgraça" acontecer as autoridades irão salientar que advertiram para o perigo e outros ‘players’ ir-se-ão mostrar muito surpreendidos. Afinal, todos os dias o local é visitado por centenas ou até milhares de pessoas e nunca nada aconteceu!
Entretanto, muitos turistas estão francamente
animados (não fosse este ramo de negócio a 'animação turística', na
especialidade marítimo turística) e é mesmo para isso (ou supostamente) que aí
estão! Saliente-se que também nos cruzamos com alguns outros, invariavelmente
nos caiaques e nos paddles, com um certo ar de circunspecção ou até de
preocupação, mas nada que não seja certamente ultrapassável. Afinal, não estão
em busca de "aventura" e "actividade"?
No trajecto até à gruta de Benagil também tive
oportunidade de visualizar bastantes caminheiros no passadiço que foi instalado
no topo das arribas a oriente da praia do Carvoeiro. Pude constatar, de forma
inequívoca, que a praxis, a forma de fazer, do turismo algarvio sofreu
alterações significativas, sobretudo nas últimas décadas. De resto, o paradigma
extractivista da "galinha dos ovos de ouro" e do "ordenhamento"
dos recursos do território, continua inalterado. O turismo de massas (leia-se
"de praia”) persiste, ao que tudo parece, de boa saúde (?), e o turismo
dito "alternativo" tornou-se num novo turismo de massas,
independentemente da nomenclatura e das roupagens com que o queiram embrulhar e
vender: turismo de natureza, turismo verde, turismo ecológico, ecoturismo,
turismo activo, turismo de aventura, etc..
Pedro Cuiça © Carvoeiro– Algarve (Agosto de 2023) |
CONFUSÕES (I)
CONFUSÕES DE AR LIVRE, PROBLEMAS DE AR CONDICIONADO (I)
Na sequência da morte, no dia 27 de Julho, do carregador paquistanês Muhammad Hassan, na parte
superior do K2, após ter permanecido vivo durante várias horas perante a indiferença
daqueles que por ele passaram para fazer cume ou já na sua descida, regressou o
coro de críticas àquilo que se tornou o “alpinismo” nas mais altas montanhas
himalaianas. Como se algo de (muito) extraordinário se tivesse passado no panorama
dos inúmeros mortos abandonados, em alta altitude, nas vertentes do Everest e
de outros oito mil, tal como das toneladas de detritos largados nessas montanhas,
que fazem com que certos campos de altitude se tenham transformado em lixeiras
(nas mais altas lixeiras do mundo) a céu aberto! Infortunadamente, nada de novo.
Basta(ria) lembrar-nos da tragédia de 1996 no Everest ou das diversas campanhas
de recolha de lixo nas vias normais do Everest, nos lados nepalês e chinês,
para constatar o que deveria ser evidente!... De entre as diversas intervenções
críticas ao agora (mais uma vez) sucedido, destacamos os comentários, "sem papas na língua", do amplamente conhecido alpinista espanhol Sebastián Álvaro, publicados online pela editorial
Desnivel: «Cómo llegaron a converterse en parques de atracciones las montañas más altas y bellas del Himalaya y el Karakórum? Cuando se jódio el himalaysmo?»
O fenómeno dos mortos e do lixo em altitude já mereceu diversas intervenções publicas da minha parte, em comunicações e textos diversos e, por isso, não tenho nada a acrescentar de concreto. Apenas lamentar o sucedido e manifestar o meu pesar à família e amigos do malogrado carregador.
Seria talvez oportuno e importante fazer uma análise crítica e uma reflexão aprofundada não só daquilo em que se transformou o himalaismo, mas também acerca da prática de alpinismo/montanhismo em geral e, já agora, da escalada clássica (e até da desportiva) nos mais diversos contextos e geografias, inclusivamente "à porta de casa"...
De resto, escrevi ontem o seguinte no Facebook:
«O problema não se circunscreve, de todo, à alta montanha. A massificação, a alienação e a banalização das actividades de ar livre generalizou-se. E não é apenas a "turistificação" que está em causa, é todo um conjunto de motivações e de formas de "viver", nomeadamente o (hiper)consumismo e o poder aquisitivo do "capital": pensar que tudo se traduz em dinheiro e tudo é vendível e comprável. O que está verdadeiramente em causa são questões de ética e de estética; são questões ontológicas e substanciais, do Ser (em detrimento do ter). Não é lícito, nestas (e noutras) matérias continuar a confundir "uma obra prima com a prima do mestre de obras".»
© Lakpa Sherpa/8K
Expeditions |
sexta-feira, 11 de agosto de 2023
Un silenci especial
É com grata satisfação
que voltamos a publicar, no Pedestris, um trecho de um texto em catalão, surgido no último número da revista
Vértex, na rúbrica “El racó del clàssic”, da autoria de Judit Baseiria. Desta
feita, sobre o livro Marcher, une philosophie (2009), de
Frédéric Gros. A Vértex é editada pela Federació d'Entitats Excursionistes de Catalunya (FEEC).
«Caminar, trescar,
pelegrinar, vagarejar, fugir, passejar… Hi ha tantes maneres de fer una marxa
com les que explora el filòsof francês Frédéric Gros al llibre Caminar, una
filosofia (2009). Cadascuna d’aquestes intencions revela alguna cosa de
nosaltres, de la nostra manera d’estar al món. De fet, per a molts escriptors i
filòsofs caminar va representar un motor de creació i pensament. Aquest assaig
filosòfic de bom llegir ens convida a conèixer la correlació entre
pensadors-caminadors i de com caminar pot ser un arte d’alliberament i
transformació.
Dedicar temps a caminar vol
dir, en primer lloc, obrir un espai de llibertat personal en què la quotidianitat
i les preocupacions queden en suspens. Caminar pot anar més enllá d’una
desconnexió pontual per convertir-se en una crida a la rebel.lia, la follia i
el despertar de la nostra part salvatge. Al contrari del que se sol dir –que caminem
per trobar-nos a nosaltres mateixos–, Gros escriu que caminar «ens escapem de
la idea d’identitat, de la temptació de ser algú, de tenir un nom i una història».
Per tant, caminar extreu l’habitant de la seva rutina d’interiors. Normalmente
ens desplacem d’un lloc a un altre, de casa a la feina. Caminar, en cavi, és
estar a l’aire lliure, habitar un paisatge. «No és tant que ens acostem al
paisatge, sinó que les coses de fora incideixen cada vegada més en el nostre
cos. El paisatge és un paquet de sabors, de colors, d’olors en què el cos s’impregna»,
explica Gros. La ment s’omple d’una altra consistència; no de les idees,
doctrines o teories, sinó de la presencia del món. Es camina en silenci. Però
és un silenci especial. Submergits a la natura, escoltem i veiem que no estem
sols. «Tot un parla, us saluda, us crida l’atenció. Els arbres, les flors, els
colors dels camins. La solitud i el silenci ens porten a retrobar el món. (…)»
Judit Baseiria (revista Vértex, Jul./Agos. 2023, nº
307, p. 96)
Caminar, una filosofia
AUTOR: Frédéric Gros
EDITA
Cossetània
2021
183 pàgines
Edició original: Marcher,
une philosophie (Carnets Nord, 2009)